RESENHA | IMPERFEITOS - Uma lua de mel no paraiso... O que pode dar errado? Christina e Lauren

agosto 07, 2025





Quando comecei “Imperfeito”, esperava uma comédia romântica divertida, com química entre os protagonistas. Mas, conforme avancei na leitura, o que encontrei foi um romance com um enredo raso, apoiado em atitudes extremamente problemáticas que a autora tratou como se fossem normais, até aceitáveis.

O cunhado da protagonista comete uma traição grave, e isso é minimizado por praticamente todos os personagens, inclusive pelo par romântico da Olive, que defende o irmão traidor com um discurso superficial e egoísta. O que me incomodou profundamente foi a forma como a autora escolheu passar por cima de algo tão sério como se fosse um “conflito entre irmãos”, desconsiderando o impacto na personagem principal e até mesmo na irmã dela, que está diretamente envolvida.

Isso vai muito além de um simples “mal-entendido amoroso”. É uma decisão narrativa que enfraquece a seriedade do tema, e que poderia e deveria ter sido tratada com mais consciência emocional. Ao invés disso, Imperfeito escolhe o caminho mais fácil: deixar tudo bem, seguir em frente, e colocar o amor romântico acima de tudo, inclusive da verdade e da lealdade.

O livro poderia ser engraçado, leve e até bobinho, mas não dá pra ignorar que as escolhas dos personagens são eticamente questionáveis, e que a história não oferece nenhum tipo de reflexão sobre isso. Pelo contrário: ela segue em frente como se nada tivesse acontecido.



O papel da sorte vs. controle da própria vida

Olive acredita ser constantemente azarada, o que a torna alguém cética e defensiva. Sua irmã, Ami, representa o oposto: alguém otimista e que acredita que as coisas simplesmente “dão certo”. A narrativa usa essa dicotomia para levantar uma reflexão: até que ponto o que chamamos de “sorte” é, na verdade, uma forma de ver o mundo e agir nele?

Essa visão influencia a forma como Olive se relaciona com os outros, incluindo Ethan. Ela tende a esperar que tudo dê errado, o que interfere diretamente em sua capacidade de confiar, se abrir e viver com espontaneidade.

Preconceitos e julgamentos antecipados

Olive e Ethan constroem uma antipatia baseada em mal-entendidos e pressupostos — ela acha que ele é arrogante e crítico; ele acredita que ela é mandona e negativa. A convivência forçada os obriga a rever essas impressões superficiais e a perceber o quanto as pessoas podem ser mais complexas e interessantes quando olhadas sem preconceitos.

A problemática aqui é clara: quantas oportunidades emocionais nós perdemos por rotular os outros antes de conhecê-los de verdade?



Sim, Imperfeito tem seus momentos engraçados. Mas a superficialidade com que trata temas sérios me tirou completamente da leitura.
Não é só que o romance não convence.
É que a narrativa falha em reconhecer o impacto de atitudes erradas e ainda as recompensa.

Me diverti em alguns trechos? Sim. Mas gostei do livro como um todo? Não. Porque ser leve não significa ser irresponsável. E Imperfeito foi, sim, um romance irresponsável.


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